O sabor amargo da vitória

Bruxa Cientista – Edição #020

Na última newsletter te contei sobre o meu doutorado e como é diferente estudar academicamente na Nova Zelândia.

Logo após o envio da newsletter, um e-mail me surpreendeu.

Era a vida, mais uma vez, mostrando que eu não estava no controle.

Tu te tornas eternamente responsável pelas expectativas que cria

Atire a primeira pedra quem não cria expectativas.

Costumo brincar que eu não só as crio, como dou nome, compro roupa combinando e ponho elas sentadinhas, todas arrumadas para festa.

Dessa vez minhas expectativas eram uma jornada pelo Brasil.

Cheguei dia 8 de fevereiro, fiquei os primeiros dias em Curitiba, depois desci para Guaratuba.

Dia 18 iria para Aparecida do Norte com meus pais, de lá para o Rio de Janeiro.

Do Rio, eu iria sozinha para São Paulo encontrar uma amiga e juntas iríamos para Brasília, participar do mastermind Heroes, do nosso mentor, o Henrique Carvalho.

Lá conheceria ao vivo amigos da internet, celebraríamos meu aniversário antecipadamente dia 24 e dia 25, eu voltaria de Brasília para Curitiba. Lá celebraria meu aniversário com meus amigos e família.

Ficaria sozinha em Curitiba de 26 a 3 de Março, quando encontraria vários familiares que não vejo faz anos, no aniversário de 85 anos do meu tio.

Depois dessa maratona, eu voltaria para praia e ficaria aqui até dia 23 de Março, quando iria para Sampa de novo, dessa vez para o meu evento que seria realizado dia 25.

Finalmente, passaria os últimos dias no Brasil descansando na praia.

Mas um e-mail mudou tudo.

A cultura neozelandesa e o furação do meu calendário

A Nova Zelândia é um país de imigrantes. Hoje a população tem 5 milhões de habitantes, dos quais 1/3 nasceu fora. Destes, a maior população de imigrantes é da Inglaterra e outros países do Commonwealth como Irlanda, por exemplo.

Além de autista, sou brasileira e isso impactou diretamente nos relacionamentos que formei lá do outro lado do mundo.

Para eles, somos diretos demais e isso soa como grosseiro.

Imaginem então eu, autista, que sou literal e não tenho filtros? (Já falei mais sobre o meu autismo, nesta edição).

Antes de vir para o Brasil, perguntei para minha supervisora se poderia vir, se isso não causaria transtorno futuro caso eu fosse aceita no doutorado enquanto estivesse aqui.

Como apliquei em outubro e até dezembro não houve resposta, havia este risco.

Ela me confirmou que não havia problema, afinal de contas eu começaria somente em Abril.

Okay, tudo confirmado, viagem comprada e todas as expectativas lindinhas, criadas e arrumadas como te contei acima.

Na véspera da minha vinda ao Brasil, fui pessoalmente tomar um café com a minha supervisora e celebrar a notícia da bolsa do doutorado.

Ela comentou durante a reunião que haviam várias restrições quanto a viagens ao exterior durante a bolsa. E que para tal, eu precisaria estar em licença anual. Ok, tudo bem, anotado.

Combinamos que eu faria sempre minutas da reunião e que depois de me adaptar ao fuso, enviaria a minuta desse primeiro encontro.

Vim, mas não vi e venci. Fui vencida quando ao enviar a minuta da reunião recebi como resposta: "Você precisa verificar com o doctoral office sobre a sua permanência no Brasil até Abril. Acho que precisará voltar antes".

Eu não estava pronta para viajar de volta para Nova Zelândia tão cedo!

Como assim "acha"? Tenho, ou não tenho? Senhora santa protetora dos doutorandos, não faz isso comigo dona supervisora.

Lá vou eu então começar a maratona de e-mails e telefonemas para conseguir uma resposta.

Agora você vai conhecer outro aspecto da cultura neozelandesa (e inglesa também). Nestes países, as normas são baseadas em jurisprudência.

Isso significa que invés de muitas regras, para inúmeras situações, o que pode ou não pode é definido conforme acontece e então serve de base para quando essa situação se repetir no futuro.

Mas isso não ocorre somente no sistema jurídico, se repete em empresas e instituições.

Você já imagina onde eu quero chegar?

Pelo que parece, nunca ninguém havia questionado sobre isso antes de iniciar o doutorado.

Conclusão: noites insones, ansiedade e a necessidade de decidir, mesmo sem ter a informação clara em mãos.

Após muito deliberar comigo mesma, em terapia e com minha família, decidi não arriscar e cancelar toda a agenda.

Retorno à Nova Zelândia dia 29 de fevereiro.

Decisão tomada, ficou o sabor amargo das expectativas desmanchadas.

Como é para você lidar com a frustração das suas expectativas não atendidas?

Ignorei os avisos astrológicos e me frustrei

Tenho até vergonha de digitar essas próximas frases, de tão amadora que me sinto.

Eu, astróloga a mais de 30 anos, interpretei meu próprio trânsito astrológico com uma visão muito estreita. Me explico.

Segundo a cosmogenia grega, no começo tudo era o caos.

Até por uma vibração diferente, o caos toma consciência, e deste vazio, nasceram Nix (a noite) e seu irmão, Érebo. Nix teve filhos e entre eles, Gaia, a terra e seu irmão, Urano, o céu.

Do casamento destes irmãos nasceram os doze titãs.

Não quero criar polêmicas, mas considero curioso que essa história se pareça muito com outra que conhecemos bem. Arriscam dizer qual?

Pesquisas histórias datam as histórias e mitos gregos como existentes antes de 5 a.C.

Não quero sair do foco, então vamos voltar para os titãs, mais especificamente, Urano, o céu.

Por "ser" o céu, Urano está associado simbolicamente aos raios e tempestades. Algo que pode "virar"de uma hora para outra, que muda sem avisos.

Você agora sabe quem é Urano e o que ele traz: mudanças e imprevistos.

Concorda que isso pode ser bom ou ruim? Esse olhar depende do julgamento de cada um de nós, do contexto no qual essas coisas acontecem.

Pois bem, dia 2 de fevereiro, Urano no céu (aquele mesmo do sistema solar, que existe de verdade), estava no mesmo grau do espaço que começa a casa 9 do meu mapa astral.

E daí, Fabi? Acontece que a casa 9 é o setor do mapa associado a viagens internacionais e estudos avançados como pós graduação, mestrado e doutorado.

Ao receber o e-mail de aprovação no doutorado, associe o trânsito (presença) de Urano "abrindo a porta" da minha casa 9, como a surpresa da bolsa do doutorado.

Está errado? Não está.

Mas é amadorismo total reduzir um trânsito a uma única interpretação.

Outra interpretação bem comum para este trânsito, daquelas que qualquer iniciante em astrologia faria é: imprevistos em viagens internacionais.

E sim, minha viagem começou com um ótimo imprevisto: um upgrade gratuito em um dos trechos. Outro imprevisto: avião lotado e o assento do meu lado vazio.

E como dois é pouco, o terceiro imprevisto: eu precisar cancelar minha agenda toda e retornar antes para Nova Zelândia.

Okay, lição aprendida.

Se você tem curiosidade em saber onde Urano está no seu mapa astral, assiste essa aula aqui para calcular seu mapa.

Depois de calculado, aperte o botão azul, escrito "mais trânsitos".

O astro.com irá colocar ao redor do seu mapa astral natal, em verde, onde os planetas estão agora.

Usando a legenda, identifique o planeta Urano. Depois olhe naquela "fatia do mapa", qual é o número escrito naquele espaço.

Voilá, você acaba de identificar onde o trânsito do vovô Urano está no seu mapa.

Claro, você ainda precisa saber o significado de cada casa astrológica.

Se você não souber, me manda a foto do seu mapa e eu te envio um PDF de presente, com a lista dos significados básicos de cada casa. Combinado?

Aprendendo a viver no presente

Sempre tive um pé no futuro. Sonhadora, gostava de "viajar" mentalmente, desenhar, imaginar possibilidades.

O famoso "E SE"?

Essa tendência tem consequências como facilitar o desenvolvimento de distúrbios como a ansiedade.

Sempre lembro de um professor de patologias psicológicas que simplificou bem os maiores transtornos mentais dizendo: "depressivos vivem no passado e ansiosos no futuro".

Mas e quem vive no presente? Estes são os mais saudáveis.

Para mim isso é um aprendizado constante. Volta e meia escorrego.

Sempre que venho ao Brasil e caminho na praia onde meus pais vivem, me pego refletindo que não preciso muito para ser feliz.

Praia de Caieras no Paraná, onde meus pais vivem.

Se eu estou em contato próximo com a natureza (de preferência o mar), convivo com os que amo e estou estudando ou aprendendo algo novo, me considero realizada.

Engraçado que não foram os múltiplos seis dígitos de faturamento da minha empresa que me trouxeram a felicidade. Nem mesmo quando em 2022 faturamos mais de cem mil reais em poucos dias, o famoso 6 em 7 do digital.

Ontem, caminhando, refleti e concluí que sou mais feliz quando faço menos.

Não quero dizer na inércia, mas sim fora do modelo neoliberal e da meritocracia que nos fazem acreditar que precisamos fazer e gerar mais, conquistar muitos bens materiais e alcançar status, pois quem tem mais capital é "melhor".

Lendo meu BUJO fica muito claro que quando estou fazendo "mais" e na correria, costumo estar ansiosa e frustrada.

Aliás, escrever mais com papel e caneta, prática diária devido ao meu modelo de organização pessoal, não só me faz reter mais conhecimentos, mas também é uma prática de mindfulness.

Bingo! Mirei em me organizar melhor e ter menos cadernos (tinha um para cada coisa rs), e no fim consegui viver mais no presente.

Tudo isso associado a diminuição da minha presença e uso de redes sociais.

É, acho que este é um caminho sem volta. Um caminho de mais presença.

Minha despedida por hoje

E você, que fase de vida e caminhos tem buscado no momento?

Vou adorar saber e te conhecer melhor. Pode me escrever viu? Nossa troca é uma das razões pelas quais estou investindo mais tempo aqui na news do que nas redes sociais!

Acredito que aqui fica um pouco mais pessoal. E-mail com e-mail.

Me despeço dessa edição te convidando a me escrever.

Também seria ótimo conhecer suas sugestões de temas para próximas edições. Algumas alunas tem me pedido para dividir mais sobre meus métodos de organização, como o BUJO. Te interessa?

Nos vemos na próxima edição (devido às intercorrências da minha viagem, não estou enviando a news em um dia fixo da semana).

PS: Ao concluir essa edição notei que é a número 20. Fiquei muito feliz em ver que estou escrevendo de forma consistente. Para celebrar essa conquista e meu aniversário que está na esquina (dia 25), vou te pedir um presente. Partilha essa news com alguém que você gosta? Obrigada.

Favoritos da semana 🏆

Com a correria de cancelar viagens, eventos e reorganizar a agenda não li ou vi muita coisa estes dias. Mas aproveitando que meu BUJO tem uma coleção de indicações, te recomendo:

Leitura - O ego é seu inimigo. Vou te recomendar este livro que reli parcialmente nessa visita ao Brasil porque ele tem conexão com essa minha constante procura por menos. Ele também fala de confiança com uma perspectiva que me agrada e uma escrita simples, mas envolvente.

Seriado - Dica quentinha do forno. Minha mãe e eu somos vidradas em seriados policiais e gostamos muito do A grande ilusão na Netflix. Cheio de reviravoltas, você uma hora tem certeza de uma coisa, depois muda tudo hahahha. Bem do jeito que eu gosto. Prende nossa atenção sem enrolar. Se assistir depois me conta se gostou.

Conheça meus cursos e atendimentos

As vagas para atendimento terapêutico comigo esgotaram. Se você quiser entrar em uma lista de espera para atendimentos astrológicos, tenho 4 vagas para março, basta preencher seus dados aqui.

Alquimia Literária - Em breve você vai saber mais sobre a minha nova iniciativa #tachegando!

Outros cursos e wokshops? Você pode conhecer e adquirir diretamente neste link.

Sobre a Newsletter Bruxa Cientista

Escrita por Fabi Ormerod compartilhando experiencias e perspectivas sobre mentalidade, mundo sutil e mundo concreto.

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Bruxa Cientista - Edição #020

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