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Menos de 100 dias
O final do ano está chegando (e esta news não é um gatilho de ansiedade!)
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Semana passa recebi trocentos emails com títulos parecidos com este desta edição. 100% deles faziam referência ao final do ano e continham perguntas focadas em o quanto eu produzi, fiz, gerei dinheiro, este ano.
Ao final de todos os emails, uma mensagem vendendo algo, que iria me ajudar a resolver o "problema” para que eu chegasse ao fim do ano me sentindo mais realizada.
Soa familiar?
Nesta edição quero partilhar algumas reflexões que 2024 tem me trazido. E não, esta news não tem a intenção de te fazer sentir-se mal sobre você mesmo para depois te vender algo.
Redes Sociais ou Comerciais?
Quem me acompanha aqui já leu sobre os dilemas que passei ano passado sobre minha relação com as redes sociais (falei sobre isso aqui).
Em maio deste ano, me mudei para Auckland, a maior cidade da Nova Zelândia, para focar no meu doutorado. Na mesma semana, dei baixa na minha empresa. Não foi uma decisão fácil. Alías, rende assunto na terapia até hoje!
Afinal de contas, não dá para negar que a vivemos muito no digital. Tivemos uma verdadeira revolução na forma de relacionarmos (argumento que foi para pior!) e criamos redes e aplicativos para termos relações.
Porém, o que conseguimos, foram milhares de relações mais superficiais. Ou você é amigo fora da tela, das 5000 pessoas que são seus amigos no Facebook? O babado é forte…e a rede foi criada justamente para nos dar essa ilusão de relacionamentos.
Existem mil pesquisas sobre o tema e alguns dos pontos principais são: (se quiser ler elas integralmente, visite aqui e aqui).
O Brasil é o segundo país do mundo em termos de tempo por dia em uso de telas (acho assustador!).
No Brasil, as pessoas passem em média, mais de 9 horas por dia na internet (deveria, mas não me surpreende: quanto de nós trabalham 6-8 horas em frente a um computador/conectados à internet?)
Está comprovado que o tempo nas redes sociais tem relação direta com vários distúrbios de saúde mental, especialmente ansiedade e depressão. Lembrando que o Brasil é líder mundial em ansiedade (infelizmente).
Nada disso deve ser muita novidade para vocês.
Porém, pergunto…vocês acham que as redes de hoje são realmente sociais? Eu digo que não. Inclusive trabalho em um projeto aqui na Nova Zelândia que estuda isso, mas com foco em jovens.
Está sendo muito interessante fazer parte deste grupo de pesquisa (fora do meu doutorado). O que estamos vendo é que a maioria dos jovens que está participando, acha que não vê muitos anúncios. Até que começam a gravar suas telas para nossa pesquisa.
100% deles até o momento, nos enviam comentários do tipo: eu não tinha percebido quantos anúncios eu vejo por dia! Ou, as redes estão chatas demais, parece que tem mais anúncio do que post/conteúdo.
Você tem a mesma perceção?
Quantas das pessoas que você segue hoje, você realmente tem um relacionamento? Com quantas você conversa? Tem contato frequente? Quantas delas vendem algo?
Gente, é óbvio que não tem nada demais você ter um perfil para vender seus serviços. Eu mesma fiz isso por anos. O ponto não é esse.
A questão é que as redes deixaram de ser sociais para serem plataformas puramente comerciais. Quando o foco é gerar capital, mas é vendido como gerar relações, eu vejo um problema.
Este problema, na visão de vários pesquisadores (eu inclusa), é que estamos criando uma sociedade sustentada pelos vícios que ela gera.
Faz uma pausa e releia a frase acima. Fale ela em voz alta. Como isso te toca?
Mudanças de paradigma
Como você já deve saber, estou fazendo um doutorado na área de saúde pública/saúde mental. Minha tese é sobre culturas, imigração e álcool.
Em setembro participei do meu primeiro congresso e fui premiada como a melhor apresentação (confesso que ainda não acredito hahaha!).
Uns dias depois do congresso, perguntei a duas professoras organizadoras, porque eu ganhei. Queria feedback para entender o que fiz certo e seguir fazendo.
Ambas falaram de um exercício que fiz com a platéia. Pelo jeito não é comum as pessoas fazerem isso. Mas eu aprendi com o HC (thanks mestre!) o poder das narrativas e como gerar emoção na minha comunicação.
Vou fazer o mesmo exercício aqui contigo agora.
Após ler essas frases a seguir, feche seus olhos.
Imagine uma pessoa que você ama muito.
Agora imagine que você vai encontrar essa pessoa para celebrar alguma grande conquista dela. Você vai dar um presente para ela.
Esse presente é uma caixa com maços de cigarro.
Abra os olhos. Como você se sente?
Você daria maços de cigarro para uma pessoa que ama? Caso você diga não, como 100% da platéia me disse, me responda por que?
A platéia me disse: cigarro faz mal, causa câncer, todo mundo sabe que cigarro faz mal, etc.
Então porque a gente presenteia com álcool?
Álcool causa câncer, álcool faz mal, todo mundo sabe que álcool faz mal, etc. Aliás, a OMS classifica o álcool da mesma maneira que cigarro tá? Carcinogênico tipo 1.
Qual a diferença?
O maior perigo do álcool não é o câncer nem as mais de 200 doenças causadas pela sua ingestão (não sou eu, é a OMS quem diz!). O maior perigo do álcool é que ele é a droga mais aceita socialmente, no mundo.
Na real álcool é o cigarro dos anos 80. Naquela época se fumava dentro de hospitais, aviões, algo considerado absurdo hoje, era normalizado socialmente.
Em relação ao álcool, nós, como sociedade, sustentamos essa narrativa. Mas quem a criou foi a indústria.
Assim como várias outras indústrias. Quando a ingesta de álcool era pequena, limitada a eventos especiais, produção caseira, etc, era completamente diferente.
Até porque a industralização aumentou, em muito, o teor alcoólico. Ou você acha que um vinho lá da época de Jesus tem a mesma concentração de álcool que um vinho industrializado de hoje?
Mas essa news não é sobre álcool…é sobre as narrativas que “compramos” e internalizamos como verdades absolutas. Mais, é sobre como estamos cada vez menos reflexivos e críticos. Mais automatizados.
Eu ganhei o prêmio no congresso porque consegui conectar a platéia inteira na minha apresentação quando gerei um desconforto e uma reflexão, com o exercício que conduzi.
Ficou muito claro o porquê eu estava falando sobre consumo de álcool e a relevância do tema.
O que precisamos, é uma mudança de paradigma. Precisamos ter coragem de navegarmos contra a corrente e dizer: não quero mais fazer parte disso.
Percebe que isso vale para várias coisas e áreas das nossas vidas?
Os últimos dias do ano
Sempre nesta época do ano vejo posts, newsletters, promoções e comunicados que invés de me ajudar, me geravam ansiedade (não mais). Como você se sente com esse tipo de mensagem?
Um senso de que parece que fizemos pouco, ou que não somos bons o suficientes.
Não aceite comprar essa narrativa.
Sabe aquela música brega de fim de ano da Simone? E o que você fez…
Eu fiz o que deu minha gente…e é isso.
Às vezes, o que deu, tá bom demais.
Sigo com o problema no meu cotovelo que tem diminuído a mobilidade geral do meu braço. Coisas comuns como me vestir, escovar os dentes, lavar o cabelo, viraram atividades extremas que causam dor e stress.
A vida muda de perspectiva quando somos forçados a mudar nossa velocidade!
Nunca escondi de ninguém minha autocobrança. Acho que esse braço travado está me dizendo que sou eu mesma, e que tenho um valor imenso, independente do que eu faço.
Faltam menos de 100 dias para o final do ano. O que você deve fazer?
O que você quiser. Melhor ainda seria se você aprendesse a fazer menos.
Acho que como sociedade, todos nós precisamos aprender isso.
Beijo grande,
Fabi Ormerod
Antes da minha lista de favoritos da semana, nosso patrocinador!
Gente, essa plataforma onde escrevo para vocês, é paga em dólar. Me custa exatos 59 dólares por mês (salgadinho, eu sei). Porém, cada vez que um de vocês clica na foto do patrocinador, eu recebo um dólar (não precisa comprar nada, se inscrever em nada, é só clicar mesmo).
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Favoritos da semana 🏆
Essa semana o troféu vai para o seriado novo da Netflix, Ninguém Quer Isto. É bem romântico e água com açucar do jeito que a gente (piscianas!) gosta. Uma amiga minha disse que a história é baseada em fatos reais! (mas não sei se é verdade rs).
Não tenho muitas dicas de livros…vou começar a ler o livro do mês do meu clube, o Alquimia Literária, esta semana (está meio difícil ler porque não consigo segurar o livro e não gosto de ler com ele apoiado). Neste mês vamos ler o Psicologia Financeira, do Morgan Housel.
Eu já li ele antes, em uma sentada só, quando voltava do Brasil no começo deste ano. Gostei demais e vou reler agora, com mais calma.
Se você quiser fazer parte do clube, basta se inscrever aqui. Você pode escolher a assinatura mensal ou anual.
A primeira news que te indico é a do Gustavo. Ele é meu colega de mentoria e fala sobre produtividade sem aquela pegada de pressão para dar conta de tudo a qualquer custo. Para se inscrever e conhecer é só clicar aqui.
Outras news legais de conhecer são a do meu mentor e amigo HC, do Lucas (especialmente se você quer aprender a escrever melhor). Também te indico as amigas que são focadas na área de autoconhecimento, a Sara e a Dea Felício. Todas incríveis.
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Agora adoraria saber como você me avalia
Newsletter Escrita por Fabi Ormerod compartilhando experiências e perspectivas sobre mentalidade, mundo sutil e mundo concreto.
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Bruxa Cientista - Edição #040
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