Como viver com mais significado

Final da tarde do dia 13 de Abril de 2017.

Estou sentada com uma xícara de café nas mãos, sentindo como se um caminhão tivesse passado por cima de mim.

Um misto de emoções como tristeza, culpa, dúvidas se misturam dentro de mim.

Ao mesmo tempo, a sensação de que eu já sabia que aquele dia ia chegar.

Na edição de hoje vamos conversar sobre como aquele dia trouxe algo para a minha vida que hoje decidi resgatar.

A psicologia das mudanças

Antes de eu revelar o que estava assistindo naquele dia, que gerou tanto impacto na minha vida, precisamos conversar sobre mudanças e a psicologia por trás delas.

Como terapeuta e astróloga, costumo atender indivíduos durante períodos de crise e processos decisórios.

Uma das queixas frequentes é não querer sentir aquilo mais. Como se a cura fosse parar de sentir o que nos incomoda.

Ilusão.

Nossos incômodos (ou dores, como preferir), existem para nos alertar que algo está errado e despertar o desejo de mudança.

É a nossa bússola interna avisando que precisamos ajustar a direção.

Porém, muitas vezes sabemos que é necessário mudar, mas ficamos travados, sem saber qual o primeiro passo.

Nos anos 70, dois pesquisadores estudaram como mudamos e criaram um modelo que é utilizado até hoje, inclusive em multinacionais por seus setores de RH.

O Ciclo Emocional das Mudanças foi criado por Darryl Conner e M.J. Kelley. Este ciclo foi desenvolvido para ajudar indivíduos e organizações a entender e gerenciar as transições que acompanham mudanças significativas.

No começo, o intuito da pesquisa era aplicar o modelo no contexto organizacional, mas o modelo provou ser útil em diversos aspectos da vida pessoal.

Vamos conhecer todas as fases deste ciclo e como aproveitar melhor cada uma delas?

As Fases do Ciclo Emocional das Mudanças

1. Negação

Sentimentos Comuns: Descrença, choque, e talvez uma sensação de alívio temporário.

Na fase de negação, tendemos a minimizar ou ignorar a necessidade de mudança.

Podemos pensar: "Isso não está acontecendo" ou "Isso não vai me afetar". Esse estágio é uma forma de proteção psicológica contra o estresse imediato da mudança.

Dica: Reconheça os sinais de negação. Pergunte a si mesma: "Estou evitando enfrentar essa situação?".

2. Resistência

Sentimentos Comuns: Medo, raiva, frustração, ansiedade.

Quando a mudança começa a se tornar inevitável, a resistência aparece.

Podemos sentir medo do desconhecido ou raiva por ter que sair de nossa zona de conforto. A frustração pode vir à tona, especialmente se a mudança for imposta.

Dica: Permita-se sentir esses sentimentos sem julgamento. É importante expressá-los de maneira saudável, seja conversando com alguém de confiança ou escrevendo em um diário.

3. Exploração

Sentimentos Comuns: Curiosidade, otimismo cauteloso, empolgação moderada.

A fase de exploração é marcada por uma abertura para novas possibilidades. Começamos a ver as oportunidades que a mudança pode trazer e a considerar diferentes caminhos.

É um período de experimentação e descoberta.

Dica: Aproveite essa fase para aprender e explorar novas opções. Faça perguntas, pesquise, e esteja aberta a tentar coisas novas.

  1. Confirmação

Sentimentos Comuns: Confiança, assertividade, tranquilidade.

Esta fase indica que aceitamos a mudança e estamos prontos para essa nova jornada. É quando começamos a colocar em prática o que planejamos e estamos confiantes.

Dica: Lembre sempre que planejamento é direção e não uma sentença. Como dizem popularmente: "nenhum plano sobrevive ao campo de batalha".

Aceite que imprevistos vão surgir. Não se cobre perfeição. Somos humanos, aprendemos com nossos erros e não com nossos acertos.

Imigrar mudou meu estilo de vida

Agora que você já conhece o Ciclo Emocional das Mudanças, vou te contar o que me deixou tão impactada em Abril de 2017.

Naquele dia, assisti ao documentário Minimalismo, na Netflix.

Não porque o que foi partilhado no documentário seja novidade, mas porque eu já sentia e percebia estas reflexões em mim mesma a alguns anos.

É como se ver o documentário tivesse me dado um tapa na cara e dito: Pára tudo, por que então você não aplica isso no seu dia a dia?

Você já se sentiu assim?

Porque ficamos impactados por livros, documentários, mas nem sempre colocamos o que aprendemos em prática?

Quanto mais estudo sobre saúde mental, mais vejo que a forma que a nossa sociedade está organizada nos adoece.

Parte disso começou com o “American Dream”, o auge do consumo nos Estados Unidos, nos anos 60.

No documentário, vários neurocientistas, sociólogos e psicólogos falam sobre o tema consumo (como começou e suas consequências).

Talvez você já tenha percebido essa relação e como nos afeta.

A maioria de nós aprendeu que precisamos estudar para conseguir ter uma boa carreira.

Por quê? Para gerar mais dinheiro.

Para quê? Para comprar mais.

Como se isso fosse a receita perfeita para felicidade.

Bom, na minha vida não foi!

Comigo, aconteceu o contrário. Quanto mais alto meu cargo executivo, mais dinheiro eu gerava, verdade.

Contudo, mais doente eu ficava e minha infelicidade crescia na mesma proporção.

Naquela época, o buraco no peito ou a sensação de que eu estava fazendo as escolhas erradas aumentava.

Isso é diferente de negar a importância do dinheiro ou o prazer que temos ao ter conquistas materiais. Dinheiro não é bom ou ruim. A questão é o que fazemos com ele e como lidamos com essa energia.

O xis da questão é saber responder: Qual o limite?

Já falei um pouco sobre riqueza nesta edição aqui. As pesquisas indicam que depois que as necessidades básicas estão supridas, o aumento de renda não é proporcional a felicidade.

Cada pessoa, de acordo com sua família e seu estilo de vida, tem o seu número. Você sabe o seu?

O meu número mudou com a imigração.

Reconstruir a vida em outro país tem um custo elevado. Não só financeiro, emocional também.

Estudos indicam que em média levamos cinco anos para nos adaptar a nova cultura.

Quando viemos morar na Nova Zelândia, falhamos muito no nosso planejamento financeiro. Não tínhamos clareza dos custos de vida aqui, somente uma ideia superficial.

Nossa reserva financeira que nos daria tranquilidade por quase dois anos, acabou em seis meses. Até faxina eu fiz, pois, precisava gerar renda rápida e imediata e não conseguia colocação no mercado local.

Nessa época fazia faxina 1x por semana como trabalho casual (o famoso “bico").

Todas as dificuldades me fizeram questionar o estilo de vida que levávamos no Brasil. Anos e anos adquirindo objetos invés de investir em aprender a gerenciar nossa renda.

Meio a isso, veio a oportunidade de além de aprender sobre gestão financeira, construir um novo estilo de vida onde as experiências fossem mais importantes que os objetos.

Eu já tinha essa vontade, mas não sabia por onde começar.

O documentário veio como uma luva, na hora certa.

O que aprendi sobre minimalismo?

Como simplificar sua vida

Existem vários cursos, vídeos e livros sobre minimalismo.

Entrar nesse mundo pode acabar nos sobrecarregando invés de gerar leveza.

O que fazer? Por onde começar? E se eu não conseguir desapegar disso ou daquilo?

A primeira coisa que aprendi sobre minimalismo é que ele é uma jornada.

Você não precisa e nem deve, se obrigar a jogar fora tudo que possui!

Uma ação inicial na direção de uma vida mais simples, porém cheia de significado, é questionar-se mais antes de consumir algo.

Você pode criar suas próprias regras sobre consumo.

Uma regra simples que tenho é que livros ocupam uma estante na minha casa. Não posso ter mais livros físicos do que cabem nela. Para obras novas entrarem, algum exemplar vai ter que sair.

Você pode aplicar o mesmo ao seu guarda roupas. Ou até mesmo experimentar a mudança de estação e fazer o seu primeiro guarda-roupa capsula.

Eu já partilhei alguns anos atrás, no Instagram, quando fiz o projeto 333. Este projeto nos incentiva a realizar uma limpeza ampla no armário e atravessar uma estação completa com apenas 33 peças. Se isso for radical demais para você, teste com 50, 60, como preferir.

As outras roupas não precisam ser doadas ou vendidas imediatamente, você pode deixar-las em uma mala guardadas e decidir depois de um tempo.

Essa, aliás, é outra dica. Separe coisas que não usa muito e deixe em uma caixa fechada. Se você não precisa delas após 90 dias, talvez seja a hora de desapegar.

Minimalismo não significa ficar sem nada. Mas sim ter itens que são significativos para você. Não para ficarem guardados, mas sim para serem parte ativa da sua vida.

Isso vale para tudo em sua residência. Nunca mais tenha nada que você ache bonito guardado para uma ocasião especial. Seja roupa, louças, qualquer item.

Se você gosta e te faz bem, use!

Você é especial e merece estar cercada de itens que te trazem alegria.

Experimenta ainda hoje, na sua próxima refeição, colocar a mesa para você de forma caprichada. Depois me conta como você se sentiu. Tenho certeza de que vai notar a diferença no seu humor!

Além disso, precisamos repensar sobre todo o impacto gerado pelo nosso consumo.

Em tempos de mudança climática, é essencial refletimos sobre o impacto global do lixo que produzimos.

Diariamente, pessoas me dizem que suas vidas estão vazias ou sem direção. Será que estamos nos enchendo em coisas e nos esvaziando por dentro?

Isso me leva à conclusão de que todos nós podemos pensar sobre o que e por que consumimos.

E esse olhar para dentro pode trazer surpresas e mostrar que precisamos de muito menos para viver a vida que queremos viver.

Meu amigo, o Maduro

Ter uma vida mais minimalista é um projeto que comecei em 2017, quando vi aquele documentário.

Nesses anos, tive altos e baixos nesse processo. Por vezes me vi novamente fazendo compras por impulso ou acumulando mais do que preciso.

Agora, com a minha mudança para Auckland, tenho uma nova oportunidade de desapegar e focar no que realmente gosto, manter somente itens que me trazem alegria.

Nós temos um amigo aqui na Nova Zelândia, chamado Maduro. Tudo que ele tem cabe em duas malas. Volta e meia está mudando de cidade e não tem stress. Arruma as malas e vai.

Os poucos móveis que tem consegue vender rapidamente em grupos de brasileiros e no novo lugar, compra móveis usados (aliás esse é um hábito muito comum por aqui).

Sempre aspirei a um estilo de vida nômade e, sem dúvida, acumular muitas coisas seria um empecilho para a concretização esse sonho.

Vamos ver como fica agora, que irei morar até o final do ano em um quarto, como um apart hotel.

Foto de um quarto similar ao que vou morar em Auckland

Prometo partilhar mais sobre essa jornada em edições futuras.

Um presente para você

Nessa edição falei sobre como mudamos e as mudanças que a vida no exterior me trouxeram.

Além disso, dividi um pouco sobre minimalismo e dicas sobre como simplificar a nossa vida.

Revisando meus arquivos achei muitos materiais sobre isso, com dicas e alguns exercícios práticos.

Se você curte este tipo de conteúdo, quero te presentar com uma série de e-mails exclusiva somente sobre vida minimalista.

Beijocas e um ótimo final de semana por aí,

Fabi Ormerod

Sua opinião é importante!

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Favoritos da semana 🏆

  • Ainda estamos assistindo a série Mestre do Ar, na Apple dirigido pelo Spielberg com colaboração do Tom Hanks. Estou gostando muito e me surpreendi já que não costumo gostar de filmes e séries de guerra. O que está me prendendo é conhecer a vida de cada personagem e como lidam com as questões que vão acontecendo conforme a história se desenrola.

  • Ainda estou lendo o livro indicado na semana passada. Se chama Axman Carnival e ganhou vários prêmios locais de literatura. O personagem principal é um pássaro que é resgatado por uma mulher. Tudo que acontece, é narrado pela perspectiva dele. A história fala de relacionamentos, abuso, traumas e vínculo. É uma obra belíssima. Tem no kindle, pela Amazon, aqui. 

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Newsletter Escrita por Fabi Ormerod compartilhando experiências e perspectivas sobre mentalidade, mundo sutil e mundo concreto.

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Bruxa Cientista - Edição #031

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