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É possível viver de ler e escrever?
Bruxa Cientista – Edição #019
Nossa sociedade coloca muito foco no fazer.
Estamos sempre em busca do "prêmio", que parece ser inatingível.
Não sou exceção, apesar de buscar estar ciente dos meus movimentos.
Mas e quando o nosso sonho parece estar na contra mão do mundo?
Nessa edição quero conversar contigo sobre o meu maior sonho: viver de ler e escrever.
Foto da minha graduação em Health Psychology (Saúde Psicológica)
Crenças ou verdades sobre a educação formal?
Eu já havia escrito antes sobre porquê acredito que você não deve rasgar seu diploma aqui.
Cresci e estudei no Brasil a maior parte da minha vida. Contudo, desde 2016 quando mudamos para a Nova Zelândia, entrei em contato com uma forma diferente de estudo.
Primeiro como mãe, depois como professora auxiliar em uma escola primária e por último, como aluna na graduação e mestrado.
Engana-se quem pensa que estudar é sempre decoreba ou fórmulas prontas. Sim, entendo que é assim em muitos lugares. Mas essa não foi minha experiência aqui, nem a de ninguém que conheço!
Você já viu crianças de 10 anos de idade assistindo a um TED para depois desenvolverem um projeto, com direito a brainstorm e software de gestão de projetos? Eu vi. Aqui.
Na escola primária do Pedro, eles também tinham aulas práticas de educação financeira, gerenciando um valor x ao longo do semestre e organizando eventos para arrecadar mais dinheiro.
Meu filho com 11 anos de idade já sabia fazer uma planilha de orçamento para gerenciar os gastos da família. Coisa que muitos adultos até hoje não sabem fazer.
Resumo da ópera: é fácil dizer que não vale a pena estudar e que isso é perda de tempo quando você está inserido em uma bolha.
Estoure a sua bolha e você pode se surpreender.
Temos diferentes experiências educacionais. Cada um com os seus traumas, rs. Os meus eram decorar nome de rio e identificar eles no mapa.
Sim, tem muita coisa absurda na educação formal brasileira (e provavelmente em outros países também). Mas não podemos generalizar e assumir que é assim sempre.
Será que tudo isso que pensamos sobre educação formal são verdades absolutas ou somente crenças?
100% de aproveitamento
Sou uma pessoa competitiva. Não com os outros. Comigo mesma.
Meu mentor @HC volta e meia conta a história de como eu ganhei uma competição para gerar indicações para newsletter dele em uma semana. Um recorde.
Quando eu decido fazer algo sou muito focada. Faço planos, traço estratégias. É o contraponto do meu lado intuitivo.
Faz poucos dias que percebi que tenho 100% de aproveitamento em aplicações para bolsas de estudo.
Foram duas no mestrado e agora a bolsa do doutorado.
Quando decidi fazer o mestrado não tínhamos a reserva de 21.000 dólares. Esse era o valor das "tuition fees" (anuidade) para os 2 anos.
Na hora decidi achar uma bolsa de estudo que cobrisse os custos.
A primeira tentativa foi frustrante. Ou eu tinha mais idade que o permitido. Ou a bolsa era somente para cidadãos. Ou então para uma etnia que não a minha.
Não desisti e encontrei uma bolsa da própria faculdade. Meus colegas disseram "não adianta nem aplicar, ninguém consegue".
Meus professores disseram que era somente uma única bolsa e que nosso departamento não tinha nenhum aluno que tivesse conseguido nos últimos quatro anos.
Apesar do medo e de achar que não seria escolhida, apliquei.
O resultado? 21.000 dólares de bolsa para cobrir os custos e mais 1500 dólares por mês, por 2 anos. Paga para ler e escrever. Literalmente.
A experiência do mestrado
Meu mestrado foi uma montanha-russa, como a vida de todos nós durante a pandemia.
Além do stress to COVID e da perda de pessoas próximas, eu ainda gerenciava um negócio e vendia meus cursos através de lançamentos.
Até hoje me pergunto onde eu estava com a cabeça para fazer uma loucura dessas! Não tive burn-out por pouco. Apesar disso, minha saúde deteriorou muito e os mais de 10 kg adquiridos nesse período são a prova.
Apesar disso, fazer um mestrado foi uma experiência gratificante e diferente de tudo que eu havia ouvido sobre mestrado.
Nunca tive problema com meus supervisores e tive muito apoio o tempo todo.
O primeiro ano foi de aulas como temos em qualquer curso de faculdade, com provas, trabalhos, mesmo ritmo de estudos. Porém, nada de decorebas. Até porque as provas sempre foram com consulta.
O estudo é muito autodirecionado, baseado nos seus próprios interesses. E é assim desde o "segundo grau” daqui. Tanto que meu filho recém entrou na faculdade e suas matérias são de 3 cursos diferentes: Ciências Políticas, Antropologia e Relações Internacionais.
Aqui, você monta sua grade curricular, escolhendo entre várias opções.
Existem matérias obrigatórias, mas são poucas.Isso torna o estudo muito interessante e respeita pessoas que como eu, são multipotenciais e querem estudar de tudo um pouco.
Na minha percepção, vai, além disso, respeita a individualidade e natureza de cada um.
Voltando ao mestrado… (escrever na sala vip tomando vinho distrai mais do que eu imaginava).
O segundo ano foi mais desafiador. Tive que conduzir a minha pesquisa e escrever a tese inteira.
Se algum dia você resolver fazer mestrado, minha dica de ouro é: escreva desde o começo.
Pesquisa concluída, tese saindo aos trancos e barrancos (e algumas lágrimas, confesso), cheguei ao final do mestrado em dezembro de 2022.
Em janeiro de 2023 a tese foi revisada e em fevereiro submetida à banca. Aqui a banca do mestrado é virtual. Normalmente em 4 – 8 semanas temos a resposta.
No meu caso levou 5 meses. Quase enfartei.
Mas claro que a vida queria me mostrar mais uma vez que eu não estava no controle!
Aprovada com distinção (premiação), decidi que ia dar um tempo de estudar e focar na minha empresa e nos meus cursos, quase um ano de pausa.
Mas não foi isso que aconteceu.
2023, o ano da pausa #soquenao
Quando apertei o botão de "enviar” a tese em fevereiro de 2023, estava decidida a não estudar por um bom tempo. Pensei em 1 a 2 anos de pausa.
O foco seria na minha empresa.
Logo a vida me atropelou e quando decidi organizar a empresa descobri vários erros de integração, coisas que foram resolvidas com "jeitinhos” na época da co-produção e me senti em um buraco sem fundo.
Aos poucos, fui organizando a casa. Demiti funcionários. Contratei outros. Revisei a esteira de produtos.
Até que em Abril a vida me deu uma rasteira. Ou melhor, quem tomou a rasteira foi meu pai, que com um tombo em casa, passou mais de 21 dias internado com uma hemorragia cerebral.
Com esse imprevisto, pausei os planos e viajei para o Brasil do dia para noite. Acabei ficando pouco mais de 2 meses e isso atrasou a reorganização que eu havia planejado para 2023.
Em junho, depois de voltar do Brasil, foquei 100% em criar procedimentos, manual de conduta da empresa, contratar consultorias e implementar melhorias e estratégias novas.
E realmente foi isso que aconteceu. Porém, quanto mais eu conseguia organizar minha empresa e facilitar meu dia a dia, mais comecei a questionar se era isso mesmo que eu queria.
Isso foi tema de MUITAS sessões de terapia.
Aos poucos, fui percebendo que na verdade, aquela irritação e incômodo não era porque eu ainda não tinha organizado minha empresa 100% (até porque isso não existe hahahaah).
Esse incômodo era porque eu estava em luto. Além do luto pelas pessoas que perdi em 2023, havia um luto maior, o da minha identidade de estudante e pesquisadora.
Foi então que em uma sessão de terapia, respondendo a pergunta que eu mesma já fiz mil vezes ao meus alunos e mentorandos, respondi à minha psicológa:
O que eu faria se tempo, dinheiro e recursos não fossem uma questão? Fácil! Eu viveria lendo e escrevendo.
Viver de ler e escrever
Passei semanas digerindo o meu "grande” insight. Minha ironia é porque isso não novidade para ninguém, nem para mim mesma.
Desde criança sempre disse que meu grande sonho seria ser uma escritora.
O que eu nunca havia pensado é que não são somente escritores que vivem de ler e escrever!
Foi então que em um lampejo decidi escrever um email para uma professora da universidade de Auckland, chamada Antonia Lyons.
Ela havia sido diretora da faculdade onde fiz a graduação e mestrado mas havia se mudado alguns meses atrás.
Fui muito direta, comentei que javia sido aprovada com distinção no mestrado e que a universidade onde estava (e ela havia trabalhado), não tinha bolsas de doutorado no momento. Se ela poderia me dar algumas orientações sobre o doutorado em outros lugares.
Ela me respondeu no mesmo dia dizendo que adoraria conversar comigo e que se eu fosse à Auckland, que a procurasse.
"Caso do acaso, bem marcado, em cartas de tarot”, como cantava Tetê Espíndola (sim, revelei minha idade agora, rsrs) - eu estava indo para Auckland dia primeiro de setembro para o show do Nando Reis.
Antonia iria para Africa do Sul no dia 3 e me convidou para um café no dia 1 mesmo. Lá fui eu, toda faceira, querendo saber como e onde poderia aplicar para um doutorado.
Saí da reunião com a definição de que ela seria minha orientadora e eu iria mudar de Wellington para Auckland em 2024/25!
E foi assim que de setembro a novembro meus dias se dividiram entre atendimentos, aulas, organizar a minha empresa e escrever uma proposta de tese de doutorado.
Não foi fácil, mas sobrevivi além de ter atingido várias metas pessoais e profissionais. Agora era "só” aguardar pela resposta que deveria levar cerca de 8 semanas.
O email mais demorado que Janeiro de 2024
Vocês viram os memes sobre Janeiro? Muita gente brincou que o mês teve mais de 600 dias.
Essa foi a sensação de esperar a resposta sobre o meu doutorado.
Apliquei dia 30/10/2023 e a resposta chegou somente dia 02/02/2024 - Dia de Iemanjá, mãe das águas.
É claro que não decepcionei a Orixá e ao receber o email foi uma choradeira digna de criar um riacho. Partilho um trecho do email aqui:
Print de parte da minha carta convite para o Doutorado e oferta da bolsa de estudos
Meu marido achou que eu não tinha aceita.
Eu não conseguia concluir as frases. Chorava e dizia: recebi o email da universidade de Auckland.
As lágrimas escorriam e eu fiquei parada na frente dele, chorando.
Ele me abraçou e disse, tudo bem amor, vão ter outras oportunidades, uma hora vai dar certo.
Até que consegui falar: mas deu certo, eu fui aceita e eles vão pagar todos os custos do Doutorado. Mais que isso, eles vão me pagar para ler e escrever.
Mais de cem mil dólares ao longo de três anos. Sem impostos. Com direito a ajustes anuais de acordo com a inflação local.
Sem lives, posts no Instagram, funis de emails, workshops, equipe de vendas, etc.
Sim, a partir de 01 de Março de 2024, eu serei paga literalmente para ler e escrever.
Seu sonho pode se concretizar
Eu já perdi a conta de quantas vezes ouvi que meus sonhos eram loucura.
Morar fora do Brasil? Viver de Astrologia? Voltar a estudar depois dos 40?
Eu não acredito que basta pensar positivo.
Também não apoio a meritocracia e entendo que tenho muitos privilégios.
Feito este recorte, meu convite é que você se pergunte, de tempos em tempos: se dinheiro, tempo e recurso não fossem uma questão, o que você gostaria de fazer da sua vida?
Está tudo bem a resposta mudar. Tudo muda. Nós mudamos. Nosso contexto de vida também.
Quando você tiver a resposta disso, faça um brainstorm e busque ter o olhar de uma criança curiosa: explore todas as possibilidades.
Viver de ler e escrever não é só para escritores. Nem somente para acadêmicos. Existem inúmeras possibilidades.
Vá atrás da que fizer mais sentido dentro do seu contexto atual.
A minha jornada de futura doutora começa em breve. Vou adorar saber qual será a sua nova jornada. Me conta?
Um pedido de desculpas
Essa edição já devia ter saído faz dias. A surpresa do doutorado na véspera da viagem de vinda ao Brasil me exigiu reorganizar a prioridade da agenda.
Sei que não preciso, mas gostaria de me desculpar contigo, leitor/a que me acompanha aqui e fica esperando a edição semanal.
Eu também estava com saudades de contar para vocês tudo que rolou nestes últimos dias! Fico feliz de estar de volta a nossa programação normal.
Nos vemos na próxima edição,
Beijocas,
Fabi Ormerod
PS: Uma curiosidade astrológica. Todos os planetas estão em movimento direto faz poucas semanas. Por aí as coisas também começaram a ficar mais movimentadas? Me conta!
Conheça meus cursos e atendimentos
As vagas para atendimento terapêutico comigo esgotaram. Se você quiser entrar em uma lista de espera para atendimentos, basta preencher seus dados aqui.
Contudo, abriu uma única vaga para mentoria. Essa vaga é para começo após o Carnaval e ainda não divulguei para minha audiência do Instagram. Estou dando prioridade para quem me acompanha por aqui.
Você pode aplicar para essa vaga clicando no link abaixo.
Mentoria: Construa um negócio sustentável respeitando seu estilo de vida. Saiba como ser uma terapeuta holística de sucesso e bem remunerada.
Alquimia Literária - Em breve você vai saber mais sobre a minha nova iniciativa #tachegando!
Escrita por Fabi Ormerod compartilhando experiencias e perspectivas sobre mentalidade, mundo sutil e mundo concreto.
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Bruxa Cientista - Edição #019
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