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O homem na porta do quarto
Bruxa Cientista – Edição #007
Nesta semana, quero compartilhar com vocês uma parte significativa da minha jornada espiritual. Uma história que começa com a presença assustadora de um homem à porta do meu quarto quando eu era criança.
Já imaginou se você visse um homem toda noite na porta do seu quarto?
Encontro com o Desconhecido
Quando criança, a presença de um homem à minha porta, na hora de dormir, era algo que me enchia de medo e inquietação. Eu não sabia o que fazer, mas sabia que não podia ignorar isso. Um dia, finalmente, reuni coragem para compartilhar minha experiência com minha mãe.
Naquela idade, com 10 a 11 anos, eu estava começando a questionar o mundo ao meu redor, minha fé e as crenças que minha família seguia. Cresci sendo oficialmente católica, onde frequentávamos missas e meus pais até colocaram meus três irmãos e eu na catequese.
Mas havia um detalhe — minha mãe também tinha outras inclinações espirituais e frequentava centros espíritas e outros locais espiritualistas que misturavam várias tradições. Era uma espécie de sincretismo religioso típico do Brasil.
Vocês já passaram por experiências semelhantes em suas famílias?
Desde cedo, eu era uma menina curiosa e profundamente apaixonada pela figura de Jesus. Suas histórias, milagres e ensinamentos me fascinavam. No entanto, como muitas crianças, eu tinha um questionamento ardente que estava sempre presente: a questão da desigualdade e do sofrimento no mundo.
Na catequese, eu questionei o padre, perguntando se Deus amava todos igualmente e por que algumas pessoas tinham muito enquanto outras viviam na pobreza. A resposta do padre, de que tudo acontecia “porque Deus queria”, não me satisfez. Isso me deixou zangada e confusa.
Afinal, como poderia um Deus amoroso permitir tal disparidade? Essa discussão quase me levou a ser expulsa da catequese, mas minha mãe foi chamada e evitou isso. A partir desse momento, percebi que o Deus que eu imaginava não era o mesmo que muitas vezes era ensinado na igreja.
Na mesma época em que essas questões começaram a me atormentar, eu também comecei a ver a figura misteriosa de um homem à porta do meu quarto todas as noites. Ele permanecia lá, imóvel e silencioso. Aquela experiência me assustava profundamente. Eu tentava fechar os olhos, mas ele não desaparecia. Era uma presença tão vívida que me causava arrepios constantes.
Minha mãe percebeu o quanto essa experiência me perturbava e, preocupada, decidiu agir. Ela frequentava um centro espírita um tanto peculiar na época, um lugar que combinava diferentes crenças e práticas espirituais. Era uma mistura de espiritismo, umbanda e outras tradições. Com a orientação que recebeu, ela decidiu levar-me a esse centro para receber ajuda.
Lembro-me claramente do dia em que fomos ao centro. Eu estava apreensiva e curiosa ao mesmo tempo. Era uma casa comum por fora, mas por dentro, parecia uma clínica espiritual. Havia uma recepção e, mais adentro, salas e corredores com cadeiras onde as pessoas esperavam. No final do corredor, havia um salão principal que parecia ser usado para palestras e encontros.
Na entrada desse salão principal, logo acima da porta, havia um quadro grande com o rosto do homem que eu via à porta do meu quarto. Quando eu vi aquela imagem, meu coração acelerou. Comecei a exclamar: “Mãe, mãe, é ele, é ele, o homem do meu quarto!”
O homem que eu via todas as noites à porta do meu quarto era a entidade espiritual protetora daquele centro. A médium com quem fizemos a consulta me benzeu e explicou para minha mãe que eu tinha uma mediunidade muito forte e que precisava desenvolvê-la e aprender a lidar com ela.
Esse episódio marcou o início de uma jornada espiritual que moldaria o restante da minha vida. Após aquele dia, nunca mais vi nenhum espírito à porta do meu quarto. Fui benzida e esse tema ficou esquecido no meu passado, por muitos anos. Ou talvez, como costumo brincar, eu tenha sido “curada” de uma esquizofrenia temporária.
Após essa experiência, fiz minha primeira comunhão, mas optei por não continuar na igreja. Nossa frequência às missas diminuiu, enquanto minha mãe continuou a frequentar centros espíritas e outros locais espirituais.
Definindo minha Espiritualidade
Foi somente quando atingi a adolescência, por volta dos 16–17 anos, que senti a necessidade de explorar religiões, filosofias e perspectivas sobre a espiritualidade de forma mais profunda. Essa busca me levou a diversos lugares de culto e práticas religiosas. Fui a cultos evangélicos, retornei à missa, visitei centros espíritas, terreiros de umbanda, templos budistas e muito mais.
No entanto, o espiritismo acabou chamando minha atenção de maneira especial. Comecei a frequentar um centro espírita com minha mãe e, ao longo do tempo, me tornei uma participante ativa da comunidade. Eu trabalhava na evangelização de crianças e me envolvia em grupos de estudos do centro.
Hoje, minha visão da espiritualidade não se encaixa em nenhuma categoria religiosa específica. Mantenho uma abordagem espiritualista, acredito em Deus e continuo a admirar os ensinamentos de Jesus, mas não me limito a uma religião. Prefiro me considerar uma cristã, com uma visão ampla e inclusiva da espiritualidade.
Para provocar um pouco, acredito que Jesus não veio para fundar uma religião específica nem exigir que todos sigam uma única tradição religiosa para se aproximarem dele. Nesse sentido, acendo velas, rezo o Pai Nosso e também canto o hino da Umbanda (que é uma bela oração!). De vez em quando, pratico o evangelho no lar, uma prática que aprendi no espiritismo e que me traz muita paz.
A Sutil Dança Entre Ciência e Espiritualidade
Muitas pessoas acreditam que ciência e espiritualidade estão em extremos opostos, incapazes de coexistir. No entanto, minha experiência me leva a discordar dessa ideia. Existem cientistas que investigam a espiritualidade e exploram as conexões entre fé, energia e cura. Como profissional de saúde, sei que há uma abundância de pesquisas sobre o poder da fé na nossa saúde e bem-estar.
Não estou sugerindo que devemos abandonar o método científico tradicional nem que temos de aceitar cegamente todas as crenças e práticas espirituais. Em vez disso, acredito que existe um caminho do meio, reconhecendo que somos seres complexos e multifacetados, e que nem tudo pode ser explicado por meio do método científico tradicional.
Em minha jornada, encontrei experiências que não pude explicar por meio da ciência convencional. Como o homem à porta do meu quarto. Ou os momentos em que estou em uma sessão de coaching ou astrologia e sinto uma forte intuição para fazer uma pergunta fora do contexto ou tirar uma carta no final de uma consulta. É como se uma voz suave sussurrasse em minha mente, oferecendo insights importantes. Quando compartilho essas intuições com meus clientes, recebo reações de surpresa ou emoção, como se tivéssemos tocado o cerne de suas questões mais profundas.
Confesso que não sei explicar porque essas coisas acontecem. Apenas sei que fazem parte de quem sou. Ao longo do tempo, parei de lutar contra essa parte "bruxa" de mim mesma, mesmo quando não consigo explicá-la racionalmente.
A fé é uma força poderosa, mas também é complexa e pessoal. De acordo com o dicionário, fé é definida como a confiança absoluta em alguém ou algo. Para mim, é uma combinação de confiança em mim mesma, em Deus e em uma força superior que talvez, um dia, nos ajude a compreender os mistérios deste mundo ou simplesmente nos permita abraçar o caos.
Busque Sua Própria Verdade Espiritual
Nossa jornada espiritual é uma busca contínua pela verdade e pelo significado em nossas vidas. Não importa onde começamos ou onde a jornada nos leva, o essencial é estarmos dispostas a explorar, questionar e crescer espiritualmente.
Assim como minha experiência com o homem à porta do quarto me levou a descobrir minha mediunidade e a explorar diversas tradições espirituais, cada uma de vocês tem sua própria jornada única. O que importa é que vocês encontrem sua própria verdade espiritual, seja ela dentro de uma religião específica, em uma abordagem espiritualista ou em uma mistura única de crenças.
Acredito que, no fim das contas, não existe uma única resposta certa quando se trata de espiritualidade.
Por fim, quero retornar à questão da relação entre fé e ciência. Muitos acreditam que esses dois campos estão em constante conflito, mas acredito que há espaço para ambos em nossas vidas. A ciência nos ajuda a compreender o mundo físico e suas leis, enquanto a fé nos conecta a algo maior do que nós mesmas.
Recentemente, li um livro fascinante chamado "O Poder dos Oito", que explora uma série de pesquisas científicas relacionadas ao mundo sutil, à fé, à energia e à cura. Essas pesquisas demonstram que, embora a ciência possa não ser capaz de explicar tudo, há fenômenos que vão além da compreensão racional e que merecem nossa atenção.
Agora é contigo
Na minha jornada, aprendi que a espiritualidade é uma experiência pessoal e única. Ela pode ser encontrada na religião organizada, em práticas espirituais alternativas ou até mesmo em uma abordagem mais individualista. O que importa é que nos conectemos com algo maior do que nós mesmas e encontremos significado em nossa existência.
Minha esperança ao compartilhar minha história é inspirar cada uma de vocês a explorar sua própria jornada espiritual. Estou ansiosa para ouvir suas histórias e descobrir como cada uma de vocês encontra autenticidade, conexão e inspiração em sua própria busca espiritual.
Beijocas e até a próxima edição (agora toda sexta feira!)
Fabi Ormerod
Favoritos da semana 🏆
Leitura: Já te indiquei um livro acima. Agora vou te indicar um dos livros favoritos da minha vida, se chama Médico de Homens e de Almas e fala sobre a vida de Sao Lucas. A autora, Taylor Caldwell tem varios livros desta tematica.
Seriado Na Mira do Júri: Essa indicação é daquelas que faz a gente restaurar nossa fé na humanidade. Estou completamente apaixonada pelo rapaz. Me explico (nao estou dando spoilers!): o seriado se trata de um julgamento fake. Todo mundo que esta ali são atores, exceto o um rapaz do juri Ronald. Ele é o único que nao sabe a verdade. Além de cenas divertidissimas, esse seriado faz a gente sair mais leve e feliz que ainda existem pessoas como esse rapaz. Está passando na Amazon Prime.
Um convite especial
Dia 14 de Outubro temos um eclipse solar no signo de Libra. Essa é uma oportunidade ótima pra gente se reconectar com nossa energia feminina. Vou conduzir uma aula ritualística exatamente durante o eclipse.
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Escrita por Fabi Ormerod compartilhando experiencias e perspectivas sobre mentalidade, mundo sutil e mundo concreto.
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Bruxa Cientista - Edição #007
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