Momento desabafo

Ontem foi um dia atípico na minha vida. Foi o ápice de um processo que começou em 2022, quando meu lançamento da oitava turma do meu curso empatou o investimento.

Dia 27/04/2022 eu poderia estar feliz de ter vendido mais de 30 mil reais em um único dia. Mas não, eu estava arrasada.

Ali começou um novo caminho, apesar de eu não ter consciência disso, naquele momento.

Nessa edição vamos conversar sobre desapego e novos começos.

Quando é a hora de deixar ir?

Não existe um livro de regras onde consultamos quando é a hora de encerrar algo. Seja uma relação, emprego, etapa da vida. Encerramentos costumam ser difíceis, mesmo quando nós os desejamos e iniciamos.

Afinal de contas, colocar um ponto final tem vários simbolismos.

Alguns de nós vêem encerramentos como derrotas.

Outros, ficam com medo do que vai acontecer em seguida. E para outros, significa abrir mão do confortável, do que há de bom naquela situação.

Me conta, para você, é fácil desapegar?

Desapego é um ato de desprendimento, um salto para novas possibilidades. Pessoas desapegadas costumam ter menos expectativas. Sofre menos com os finais da vida.

Mas cuidado, desapego não é sinônimo de indiferença ou desconexão emocional!

Por outro lado, pessoas apegadas em excesso costumam sofrer de dependência emocional, carência afetiva e ciúmes exagerados.

Mas essa edição não é sobre relacionamentos e sim sobre outro tipo de desapego: aquele no qual conseguimos soltar o passado e as preocupações do futuro. Neste estado, vivemos o presente.

Em 2022 eu já me sentia cansada dos tradicionais lançamentos de cursos, estratégia que eu e meu sócio da época usávamos para vender meus cursos de astrologia.

Desrespeitando minha bússola interna, concordei em fazer mais um lançamento em abril. Investimos mais de trinta mil reais em anúncios, tivemos mais de 6000 inscritos no curso gratuito.

Apesar disso, já no primeiro dia ficou claro que não teríamos o resultado esperado.

No momento em que o carrinho abriu e nas duas datas subsequentes, após várias ações comerciais, finalizamos com aproximadamente trinta e seis mil reais de vendas.

Pode parecer muito, mas quando você tem um boleto do Facebook de trinta e cinco mil para pagar, esse resultado é um fracasso. Sem falar em todas as ferramentas e custos adicionais envolvidos.

Ali, eu senti que aquele ciclo estava chegando ao final, mas não tinha consciência de que era a hora de deixar ir. E mesmo quando tive essa consciência, tive dificuldade em agir. Travava. Adiava.

Encerramentos são processos, mas eu demorei para entender isso. Sempre quis tudo "para ontem" e me sentia devagar, atrasada, se não estivesse atingindo meus objetivos na velocidade desejada.

Sabe qual a vantagem de agir como eu agia? Nenhuma. Aos olhos dos outros estamos sendo muito eficientes, pro ativos, assertivos.

Mas isso esconde uma autocobrança alta, a necessidade de reconhecimento externo e falta de autocompaixão.

O fechamento da minha empresa

Como te contei acima, em Abril de 2022 meu lançamento "flopou". De Abril a Novembro daquele ano, me senti muito perdida.

Engraçado que já tinha passado por momentos difíceis empreendendo, onde questionava minha capacidade e valor, faturava baixo, não tinha os resultados esperados.

Agora a situação era outra. Confiava em mim e nos meus produtos, tinha resultados e retorno financeiro, mas sentia que o digital não era meu lugar.

Eu sabia que precisava mudar, mas não sabia como nem por onde começar.

Depois de muita terapia e conversas com meu sócio, ficou claro que eu não queria mais trabalhar daquela maneira. Rompemos a sociedade em outubro.

No mesmo mês comecei a buscar outras estratégias de vendas e formatos mais orgânicos.

Só que naquela época minha empresa estava uma bagunça. Eu achava que sabia gerenciar meu negócio, mas hoje admito que falhava muito na gestão.

A empresa não tinha um código de cultura, processos administrativos registrados, controles de qualidade rastreados.

Foram vários aprendizados para implementar e otimizar a gestão da empresa em sua totalidade. Aliás, obrigada HC, meu mentor, por me guiar nessa jornada.

2023 foi o ano que coloquei a casa em dia e testei outras estratégias de vendas. Contudo, a insatisfação não passava. Ainda havia algo de errado.

Na terapia, ficava claro que eu estava apegada à persona da Fabi Empresária, que abrir mão daquele lugar que eu via como sucesso, era muito difícil.

A verdade é que eu não tinha coragem de fechar a minha empresa, apesar dessa ser a minha vontade. Eu não percebia que agora, eu preferia mais segurança do que a vida imprevisível de empreender.

Eu tinha a sensação de estar à beira do fracasso. No entanto, após uma década de experiências e aprendizados, como poderia justificar uma parada?

Desistir não estava em meus planos. Precisava continuar, avançar. Experimentar uma nova estratégia, adquirir mais conhecimento.

Com muito autoconhecimento (e choro, com certeza!) e várias sessões de mentoria e terapia, decidi fazer um movimento diferente: ver o que a vida iria me trazer.

Apliquei para uma vaga de doutorado e uma bolsa e me prometi que se tivesse sucesso, iria, aos poucos, diminuir o ritmo até fechar a empresa.

E foi isso que aconteceu ontem.

Em uma reunião com a minha contabilidade, iniciamos o processo de baixa da empresa.

A venda de todos os produtos e cursos em plataformas como a Hotmart foi encerrada. Solicitei o encerramento da conta corrente da empresa.

Mas essa não é toda a verdade.

Eu não consegui desapegar de vez.

A empresa está sendo fechada, mas depois que a baixa fiscal estiver definida, irei abrir uma MEI, por recomendação da minha contadora já que seguirei atendendo como terapeuta e astróloga.

Essa decisão “meio-termo”, também me permite seguir vendendo os cursos que já tenho e facilita e o cliube do livro, que começa em Junho.

O que mudou então? Que desapego aconteceu?

Eu desapeguei da necessidade de me definir pelo resultado financeiro do meu negócio. Escolhi que a maior parte da minha renda não virá dele, como ocorreu nesses anos todos.

Esse ano é o primeiro, em dez anos, que não tenho uma meta de vendas!

Isso é libertador demais.

Tenho consciência que isso foi possível porque tenho um valor fixo, satisfatório, que recebo pelo doutorado.

Literalmente, sou paga para ler e escrever. Um sonho!

Assim, decidi abrir mão da persona de empresária e vestir de vez a roupa de eterna estudante.

Foi muito difícil assumir para mim mesma que o gosto é estudar, ler, escrever.

De alguma maneira distorcida, isso me parecia menos.

Talvez porque nossa sociedade desvaloriza muito a educação? Não sei. Essa resposta ainda não tenho. Mas é como eu me sentia.

Você já sentiu algo parecido?

Decisões são difíceis, ponto. Quando envolvem desapego, podem ser mais complicadas ainda.

Se você está nessa situação, pense em como começar a desapegar. Faça isso devagar, aos poucos, dê um primeiro passo.

Assim sua decisão será mais fácil e emocionalmente mais saudável, porque você não estará passando por cima dos seus medos de trator.

Precisamos ser gentis com a nossa psique!

Próximos passos

Nos próximos dias a minha empresa será fechada oficialmente.

Todas contas serão encerradas.

Várias ferramentas canceladas.

Um dos cursos com aulas ao vivo já acabou e até julho encerro a minha mentoria em grupo de astrologia.

Vou manter atendimentos de astrologia e terapia, mas em um volume bem menor.

Penso em escrever meu segundo livro. Um sonho que está engavetado faz tempo.

Mas agora não quero me pressionar. Estou cursando um doutorado. Sempre preciso me lembrar disso, ou acabo me envolvendo com coisas demais.

Levanta a mão se você passa por isso! rs. #multipotenciaisunidos.

Em junho começamos com o clube do Livro, Alquimia Literária, que também era um sonho.

O que mais? Não sei.

Pela primeira vez em muito tempo, vou me permitir desacelerar, pausar, silenciar.

E estou certa, que nesse vazio, novas coisas nascerão.

Obrigada por ler até aqui.

Espero que esta edição te inspire a refletir sobre o que você precisa desapegar e como você consegue ou não, desacelerar.

Beijocas,

Fabi Ormerod

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Indicações de leitura

Essa semana quero te indicar outras newsletters que tem conteúdos que eu gosto e acredito serem interessantes.

A Newsletter do Gus, meu colega de mentoria, fala sobre podemos melhorar um pouco a cada dia. Na última edição, ele fala sobre como dominar novos hábitos e partilha dicas práticas para conseguirmos fazer isso. Você pode assinar clicando aqui.

A newsletter Vida & Lucros do meu colega de mentorai Gustavo Pedroso fala de investimentos de uma forma simples e direta. Fácil de aprender e colocar em prática. Você pode assinar se inscrevendo aqui.

MInha próxima indicação é de uma news em inglês, focada no público feminino e cheia de dicas para maternidade e dia a dia. Você pode assinar a The Mommy, clicando aqui.

Favoritos da semana 🏆

• Começamos a assistir um seriado novo da Apple, Mestre do Ar, dirigido pelo Spielberg com colaboração do Tom Hanks. Não curto muito filmes e seriados sobre guerras, mas a fotografia deste está incrível. Por aqui, nos prendeu. Neste link você pode ver o trailler.

• Esta semana comecei a ler um livro daqui da Nova Zelândia, não achei tradução para o Português. Se chama Axman Carnival e ganhou vários prêmios locais de literatura. O personagem principal é um pássaro que é resgatado por uma mulher. Tudo que acontece, é narrado pela perspectiva dele. A história fala de relacionamentos, abuso, traumas e vínculo. É uma obra belíssima. Tem no kindle, pela Amazon, aqui. 

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Newsletter Escrita por Fabi Ormerod compartilhando experiências e perspectivas sobre mentalidade, mundo sutil e mundo concreto.

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Bruxa Cientista - Edição #030