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Essa é uma foto comum no Brasil, algo que não sei se conseguiria tolerar hoje em dia.
17 horas, pico de trânsito nas cidades.
Ruas lotadas de carros.
Ônibus cheios de pessoas espremidas como sardinhas.
A correria de sair do trabalho, buscar filhos na escola, chegar em casa, fazer comida, dar atenção para o parceiro.
A lista de tarefas é infinita.
Na tela do seu celular, vídeos de outras pessoas que aparentam fazer melhor do que você.
A comparação bate forte. Você sente um aperto no peito.
Sentimentos de vergonha e frustração te inundam.
Você já se sentiu assim?
Se você respondeu sim, à pergunta acima, parabéns, você é um ser humano.
Na edição de hoje vamos conversar sobre algumas "verdades absolutas" que vemos por aí, especialmente nas redes sociais; e como elas são armadilhas que podem estar impedindo seu desenvolvimento.
Verdades Absolutas ou Armadilhas?
Basta rolar a tela no Instagram ou em qualquer outra rede social para perceber que na maioria dos vídeos, vemos situações fora da realidade.
A mãe que recém teve filho e já está de barriga chapada.
A empreendedora que começou sem experiência alguma e ostenta plaquinhas de faturamento em poucos meses.
São inúmeros exemplos que, de fato, mostram cenários construídos para vender.
Verdadeiros telhados de vidro. Já conversamos muito sobre isto em edições anteriores, como essa ou esta aqui.
Mas o nosso papo de hoje não é sobre isso e sim sobre as implicações que ver este tipo de conteúdo trazem para as nossas vidas e como mudar isto.
Hoje mesmo li essa frase no perfil de uma escritora, a Paula Abreu.
Imagem da rede social da Paula Abreu, linkada acima.
Este é o primeiro problema das redes sociais e algoritmos: eles nos prendem em uma bolha.
Nem tudo que vemos e lemos nas redes é verdade.
Se um conteúdo aparece muito em nossas redes sociais, significa que ele foi "aprovado" pelo algoritmo.
Quanto maior a interação das pessoas com esse conteúdo, mais ele será distribuído para outros usuários.
É o famoso água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.
Como se uma mentira repetida muitas vezes se tornasse verdade. E assim, nascem verdadeiras crenças e estruturas sociais que nos aprisionam.
Mitos como você só pode ser feliz se seguir essa fórmula x são absorvidos e qualquer variação deste padrão, passa a ser vista como errado, distorcido, menos.
Com a pressa usual dos dias de hoje, aceitamos essas verdades e deixamos de usar nosso raciocínio crítico e questionar as fontes das informações que acessamos.
Isso é mais presente ainda quando pensamos em carreira e realização pessoal.
Você vê pessoas celebrando e felizes nas redes, ostentando um estilo de vida que você nunca desejou, mas passa a se questionar se não deveria querer aquilo também.
Sua intuição te diz: está tudo bem, não é hora de fazer isso ou aquilo, mas você se cobra e se força a performar.
Não precisa muito para que qualquer um de nós se sinta procrastinador, diferente ou menor.
Basta pegar seu celular e rodar a tela por alguns minutos.
O problema de absorver tais verdades como absolutas é que perdemos uma referência importante: nossa intuição e valores.
O que você quer da vida?
Podemos desejar algo sem ter clareza do porquê queremos aquilo em nossas vidas.
Foto da minha janela em Auckland. Fazia anos que queria me mudar para cá. Me mudei na última quarta feira.
Valores são coisas pelas quais matamos ou morremos. São sentimentos e emoções que expressam coisas que são importantes na nossa vida.
De forma resumida, valores são o que buscamos para nos sentirmos realizados.
Quando temos todos nossos valores atendidos, nos libertamos.
Pode parecer simples expressar o que desejamos, mas há um truque nisso.
Existem valores intermediários e finais. É crucial estabelecer uma distinção clara entre estes dois, pois nossos valores influenciam nossas decisões.
Um exemplo de valor intermediário é dinheiro. Ele é meio para algo. Por exemplo o valor final pode ser liberdade, segurança, qualquer coisa! Depende do que este valor intermediário significa para você.
Precisamos identificar nossos valores finais.
Quando nossas decisões estão em harmonia com nossos valores, a vida flui suavemente.
Não se trata apenas de identificar os valores, mas também de compreender nossos critérios para satisfazer esses valores.
Essa é a parte essencial. Muitas vezes, sem perceber, temos critérios dependem dos outros ou são idealizados demais aí ficamos frustrados!
Por exemplo, um jogador de futebol pode ter como objetivo a realização pessoal. O critério para satisfazer esse valor é marcar um gol memorável. No entanto, para ele, isso só será considerado válido se o gol for marcado no Estádio Maracanã lotado, durante a final de um campeonato.
Percebe o problema? Tem várias variáveis aí que não dependem dele. Um prato cheio para se frustrar.
Agora, se o critério para atender seu valor de realização for ter feedbacks positivos do treinador ou da torcida, fica mais controlável. Ele pode traçar planos para melhorar seu desempenho até atender esse valor.
Agora é a sua vez de refletir sobre isso e descobrir seus valores.
Responda a estas perguntas:
O que mais te irrita? O que te tira do sério?
O que mais te deixa feliz? (e o que isso te trás?)
Quais são as coisas que você mais busca na sua vida?
O que você precisa para se sentir feliz?
Depois de responder, leia com calma suas respostas e faça uma análise de que valores podem estar direcionando suas respostas.
Se pergunte o que você mesmo pode fazer para atender a cada um destes valores, diariamente, sem depender dos outros ou de outras coisas.
Apreciar um valor pode trazer leveza, felicidade e plenitude à sua vida, pois todos os dias você estará focado no que importa para você. Faz sentido, não é?
Alguns exemplos de valores são: liberdade, respeito, estabilidade, contribuição, segurança financeira/material, aprendizado contínuo, integridade, justiça, conexão emocional, etc.
Eleja os cinco valores que parecem ser mais importantes para você hoje.
Não se preocupe em estar certo. Nossos valores mudam e se moldam ao nosso contexto.
Por exemplo, eu sempre tive o valor alto de liberdade. Até que depois da maternidade, o valor segurança passou a ser presente. Isso é comum e está tudo bem.
O que faz diferença é termos presença para perceber nossas mudanças e fazermos os ajustes em nossas vidas para que possamos atender aos nossos valores.
Favoritos da semana 🏆
Estou assistindo a uma série baseada no livro O tatuador de Auschwitz. Eu não li o livro, que pode ser adquirido aqui, mas estou adorando a série. Sei que é um tema delicado, mas a história é verídica e relata a vida de um sobrevivente e como ele encontra o amor da sua vida meio aquele terror todo. São tantos ensinamentos que fica difícil listar tudo. Mas se eu pudesse citar um só, falaria de como amar pode ser transformador. Aqui na Nova Zelândia está passando no Prime mas não achei link do Brasil. Dá uma pesquisada nos seus provedores de streaming que vale a pena.
Também começamos a assistir uma série da Apple que está me prendendo. Se você não curte ficção no estilo mundos paralelos, não veja rs. Eu adoro hahahaha. Se chama Dark Matter (no Google diz que em português se chama Matéria Escura, mas hoje em dia não confio mais 100%, então dá uma pesquisada). Sem spoilers posso contar que é a história de um físico. Ele faz uma descoberta que abre mil possibilidades (e intrigas). Se assistir me conta o que achou.
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Bruxa Cientista - Edição #032
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